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  • Foto do escritorAndré Silveira

A responsabilidade dos vencidos.

Como há poucos artigos sobre cenários de governo depois das eleições de dia 25, eu vou fazer mais um.

Este período pós eleitoral tem sido fascinante do ponto de vista de quem se entretém com as lides políticas sem delas depender, e verdadeiramente aterrador, certamente, para os que orbitam dependentes daquilo a que alguém já chamou a "a arte de obter a paz por meio da injustiça.". Se os resultados foram justos ou não, isso caberá ao tempo e à história julgarem, mas foram claros e a maioria dos Açorianos não votaram no desgastado Vasco Cordeiro, sempre sob a capa da família César, e após mais de 24 anos de regime. Vasco Cordeiro esteve sempre igual a si próprio. Só quem não acompanhou o seu desempenho como Secretário da Economia é que poderia ter esperança que fosse a nova era do PS/A. Não foi, e sai pela porta pequena, que certamente ficará cada vez mais estreita à medida que se vai sabendo mais, e à medida que os dossiers, arrumados bem no fundo dos arquivos, começam a voltar a ver a luz do dia do escrutínio público.

Dito isto, a responsabilidade, neste caso, recai sobre os vencidos. Nenhum partido per si ganhou as eleições, e as hipotéticas vitórias dependem de alianças e acordos. Isso foi evidente no própria dia das eleições após o apuramento provisório de resultado, e o é hoje após todas as movimentações e declarações de entendimento entretanto já anunciadas. Vitórias que só o serão com a construção de soluções duradouras, estáveis e que consigam fazer melhor.

O principal risco destes governos "frankstein" é poderem ter o foco na divisão do poder interno, e muito menos nas políticas. É claro que a mudança pela mudança, após o imenso tempo do PS no poder, trará aspetos positivos. Os próximos tempos serão de limpeza dos armários e de exumações de todo o tipo de trapalhadas do antigo regime. Nada contra, mas corre-se o risco de se esquecerem das políticas que coloquem os Açores no caminho do desenvolvimento e progresso que todos os projetos políticos da Região apregoaram durante o período pré eleitoral. O combate contra mais uma ronda de jobs for the boys, sem a construção de um verdadeiro programa de salvação regional que seja a base da governação nos próximos anos, será fundamental para que não se ceda a tentações. Neste caso o PSD não pode esquecer a sua agenda para a década, como não pode esquecer que os Açorianos não votaram apenas no seu programa. Caberá a José Manuel Bolieiro mediar esse cozinhado. Um desafio (quase) impossível, mas muito necessário, e para o qual não haverá alguém melhor do que quem uniu o partido impossível de unir.

Um assunto tabu que merece ser discutido (poupem-me a berraria do bairrismo, por favor!), é o assumir sem complexos a gestão do equilíbrio entre ilhas. O discurso da cultura da união de todos os Açorianos é um lirismo que hoje, passadas mais de 4 décadas desta autonomia, traz quase nada. Os Açores são verdadeiramente só uns, mas são também, e fundamentalmente, nove ilhas que competem entre si por diversas coisas. Fingir que isto não existe, não é prestar um bom serviço ao bem comum das nossa ilhas. O mesmo em relação às teorias do antigo regime "Cesariano" acerca do "desenvolvimento harmónico". As ilhas e as economias com mais possibilidade de se sustentarem e desenvolverem não podem ser castradas pelas exigências, muitas delas absolutamente defensáveis, de micro interesses, ou para se criarem "economias falsas" que acabam sempre por degenerar em retrocessos muito caros. Se a nova orgânica do governo irá conseguir manter o objetivo de cada ilha, cada modelo, não sei, mas seria imensamente importante que se acabasse com o principal fator de bloqueio de progresso de todos os Açores. O preço a pagar é o dos últimos 24 anos.


Acerca do cenário de formação de governo: Aposto numa formação 3+2 com +2 líberos onde um fará toda a diferença e outro nem sabe bem o que está a fazer no parlamento.


André Silveira



P.S. Se o PS for governo, por favor ignorem isto tudo, e se me virem na rua podem me dar uma chapada.



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