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  • Foto do escritorAndré Silveira

Encontro inusitado

Ontem de tarde, num encontro na clandestinidade num qualquer auditório de Ponta Delgada, onde um grupo pequeno de gente que pensa pela sua cabeça (alguns mal) se reuniu, confirmei várias teses que tento confirmar há muito.


Os partidos e os governantes ondeiam gente que pensa pela sua cabeça. O único padrão que encontrei entre os presentes foi que todos, ou quase, são dissidentes dos seus partidos ou dos seus partidos naturais ideologicamente. O que deverá querer dizer que também sou, ou sempre fui, ou estou para ser. Esse padrão é por demais preocupante e mostra muito do que é o panorama político atual. Fraquinho, e os que ousam tentar pensar de um modo estruturado sobre macro assuntos longe do monstro que se tornou a opinião pública da populaça, são hoje quase uns párias. Bem, talvez, e pensando bem, tenha sido sempre assim. O pensamento livre nunca foi muito bem amado. Nem à direita, nem à esquerda, nem em lado nenhum. O encontro subversivo correu muito bem, com um painel de gente que até pensa e que, ontem em particular, falou sem filtro para uma audiência onde até estava do Dr. Mota Amaral, que como sempre saiu antes do fim para não ter de ouvir coisas menos saborosas acerca de si. Eu gosto sempre de ver o Dr. Mota Amaral presente num evento, normalmente é sinal que não se vão dizer demasiadas patetices, há exceções porém.


Algumas breves conclusões:

Existem dois problemas fundamentais (três, vá lá) que impeçam no desenvolvimento dos Açores. O primeiro e mais óbvio, e que sempre disse e escrevi, é que não existem Açores. Ou pelo menos, não existe uma unidade sócio cultural chamada Açores, nunca existiu, e temo que dificilmente irá existir. A única mescla que une estas nove ilhas é não haver mescla nenhuma de tão diferentes e desligados que somos uns dos outros. Não sou estudioso de Nemésio, nem li tudo o que escreveu, mas isso da Açorianidade é algo que existe apenas literariamente. É bonito, concordo, mas não paga as contas, e tem sido um impedimento de uma visão pragmática acerca do que deverá ser o modelo de desenvolvimento dos Açores.


Outro problema fundamental é a fraca instrução para a cidadania dos Açorianos, muito em partícula das suas elites. E tal reflete-se na qualidade dos nossos líderes, passados e presentes, com as devidas exceções da praxe. Se isso foi evidente no final do ciclo dos 24 anos de governação socialista, também o é com esta nova solução que também apoio. É o que há. Sem liderança visionária e verdadeiramente reformista, que pense verdadeiramente os Açores, o progresso da nossa terra será para sempre uma miragem, e continuaremos a navegar ao sabor de terceiros, sejam eles os centralistas da metrópole, a Europa ou o Corvo.


Fantasiei que ontem, esse tal encontro subversivo seria um ponto de viragem, e que daí saísse uma vaga de fundo que colocasse na agenda "o pensar os Açores" fora das amarras eleitorais e com gente de pensamento livre. Depois tocou o despertador.

André Silveira

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