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  • Foto do escritorAndré Silveira

E Agora SATA? 3.0

Apesar de este governo estar a fazer imensas coisas bem, e de estes 100 dias serem já históricos na mudança do paradigma de governação, no que diz respeito ao dossier com maior potencial para afetar as contas públicas da Região, nada mudou. Estranha-se bastante, dado que uma das bandeiras eleitorais do PSD foi abordar o problema SATA com pragmatismo, através de uma solução empresarial profissional e sem ingerência política. Nada disso se concretizou até agora, e portanto, o problema persiste, agrava-se, e, sabemos todos, a fatura avoluma-se. Não há problema, como foi no passado, agora será igual, pagamos todos.


A administração

Se há questões onde a perspetiva política tem de ser tida em conta, esta é uma delas. Ao optar por manter esta administração, a coligação está a avalizar (literalmente) a prestação da mesma. A passada, a presente e a futura. Enorme erro politico. Em vez de quebrar claramente com o passado, que levou à destruição da empresa açoriana, decidiram bater palmas a mais de um ano de uma prestação muito longe do profissionalismo prometido, e irremediavelmente ligada aos interesses políticos do anterior regime. Nada contra aos senhores, mas na verdade também ainda não os ouvi dizer nada de muito corajoso ou decisivo, mais de um ano a fingir que estavam a elaborar um plano de reestruturação, que se faz em 100 dias, para depois mostrarem um que é um conto de fadas infantil, não é lá muito bom sinal. Bom ou não, está agora absolutamente ligado também a este governo e não deveria ser assim. A responsabilidade do estado atual da SATA é de Vasco Cordeiro e do PS/A, ponto final.


O plano de reestruturação

O plano, ou o pouco que se conhece dele, é assim uma verdade à La Palice, onde se mostra que se se cortar um bocadinho das despesas, à custa de ordenados e ganhos e eficiência, e se se faturar mais (por decreto) equilibra-se a empresa. A dívida pagamos nós, sim eu e o caro leitor, mais todos os Açorianos, seus filhos e netos. Não fosse o orçamento regional viver à custa de terceiros, só o assumir da dívida da SATA seria suficiente para uma intervenção por cá tipo as do FMI em Portugal. Neste caso, veremos quem, e sob que condições nos vai emprestar esse dinheiro, e, muito importante, quanto será necessário. Olhemos para a TAP e extrapole-se à vontade.

A estratégia de mandar um plano para Bruxelas, para que de lá venham imposições, para depois poderem colocar o ónus na Europa, é passar a todos os Açorianos o atestado de incapacidade (muitas vezes merecida). Ir mais além do que Bruxelas, (como o Passos com a Troika) seria capaz de ser demais, mas um plano que não resolve nada, a não ser cortar salários, é poucochinho.


A operação

Entretanto, enquanto se brinca à política com uma questão que é zero política, a SATA continua a operar. A conjuntura é terrível, sabemos, mas estar a optar por tripulações sediadas em Lisboa virem para Ponta Delgada, com os custos que se sabem, enquanto tripulações locais estão paradas, é incompreensível, e não vejo como não pode contribuir para o avolumar de prejuízos do exercício de 2021. Sim, porque uma empresa como a SATA, não pode parar, ou seja, não pode parar de perder dinheiro que nós iremos pagar.


O financiamento

Do mesmo modo que não pode parar, também não pode parar de ser financiada. É expectável, enquanto se brinca aos planos de reestruturação a fingir, que dentro de muito pouco tempo, seja necessário injetar mais uma ou duas centenas de milhões na empresa só para fazer face a despesas diretas correntes. Não tem qualquer problema, pedimos que Bruxelas deixe, e os dos costume chegam-se à frente.


Whisful thinking

Um verdadeiro plano de reestruturação da SATA, terá obrigatoriamente de considerar qual será o futuro da aviação no pós Covid. A TAP é uma empresa pequena para conseguir ser sustentável no mercado, que se espera dominado por gigantes resultantes da agregação de aéreas. A tendência não é nova, mas tudo indica que irá ser ainda mais depois da quase destruição do sector com os efeitos da pandemia. Como se sabe, o caminho da TAP já era o de ser adquirida por uma das grandes europeias. A SATA terá de ter um caminho semelhante no médio longo prazo. Sendo que hoje vale muito pouco ou nada. Se no que diz respeito ao acesso ao exterior, existem alternativas e um verdadeiro mercado que pode funcionar, no inter-ilhas, em regime de serviço público, por agora, e com concursos muito favoráveis à aérea regional, a SATA poderá continuar a operar em monopólio. No dia em que uma Binter deste mundo se interesse pela operação regional, irá bater à porta de Bruxelas exigindo um concurso de serviço público verdadeiramente internacional e sem cláusulas “à medida”. Nesse dia, teremos a crise fatal da empresa regional, tal como a liberalização do espaço aéreo teve efeito semelhante na saúde financeira da “nossa companhia”.


A solução

Pensando fora da caixa e contra todos os que batem no peito urrando “A SATA é nossa”, e vá-se lá saber o que isso quer dizer, a SATA terá de ser integrada num grupo que permita a sua sobrevivência. Existem diversos candidatos óbvios, começando pela TAP. Essa perspetiva pode muito bem ser uma oportunidade que merece ser aproveitada.

Um grupo de aviação atlântico abriria todo um diferente panorama de possibilidades para companhias, que como a SATA necessitam de crescer e de ganhar efeitos de escala positivos. Uma união atlântica que operasse em ilhas, da Islândia a Cabo Verde, fazendo a ponte com a América e alguns destinos Europeus continentais, daria a possibilidade de uma especialização e afirmação que nenhuma das pequenas companhias que operam hoje esses mercados conseguirá atingir per si.

Se tivéssemos governantes arrojados e com coragem, poderia muito bem ser a SATA a liderar esse caminho na constituição de uma empresa verdadeiramente privada, com ou sem capital de diversos estados, mas um player isento de ingerências políticas e birras bairristas. E antes que se insurjam, isso já foi feito em diversos locais do mundo, a começar pela Europa, não sendo portanto nada assim tão disruptivo ou inovador.

A alternativa é a privatização, ou melhor, venda, com a dívida toda assumida pelo estado e muito possivelmente garantias futuras, não sei bem a quem nem como. Talvez à falida TAP duplamente nacionalizada pela visão socialista que tanto sucesso tem tido no sustentar de empresas detidas pelo estado.


Houvesse coragem e líderes que primeiro olhassem para o progresso e desenvolvimento da nossa terra, e depois para as suas ambições eleitorais.

André Silveira

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