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  • Foto do escritorAndré Silveira

A verdade e o seu contrário

Não é novidade que na política a verdade e o seu contrário dançam juntas numa tentativa de desconvencer o povo de que uma é e a outra não, mas por cá os ziguezagues são por vezes de tal forma abruptos que a perplexidade causada só é equiparada ao espanto de duzentas e cinquenta mil almas se acomodarem a isso sem pestanejar. O exemplo da cronologia de posições do Governo Regional do PS/A em relação à liberalização do espaço aéreo no passado, e o que já disseram e o que deixaram de de dizer em relação à SATA, são a confirmação de que tudo o que é de deixa de ser na via açoriana de Vasco Cordeiro. Uma via com muitas curvas, rotundas e inversões de marcha, e que, ou retrocede, ou não nos leva a lado nenhum.


O PS Açores nunca defendeu a liberalização do espaço aéreo dos Açores no que diz respeito a rotas com o continente. Durante anos "inventaram" todo o tipo de desculpas para adiar o inevitável, que neste caso, sabiam ter como consequência uma pressão enorme sobre a SATA e os interesses que a rodeiam. Optaram deliberadamente por atrasar anos o turismo nos Açores com o argumento de que "liberalização por completo das rotas faria com que as companhias low cost praticassem os preços que quisessem, enquanto que a Sata teria um teto máximo estipulado".

Verificou-se que a realidade está muito longe das fantasias socialistas. Hoje é a SATA que pratica preços obscenos e os Açorianos são obrigados a recorrer a outras companhias para conseguirem, e conseguem, viajar com um custo aceitável.

A liberalização do espaço aéreo, e o início da operação de companhias de baixo custo, permitiram o fim do estrangulamento do turismo, e mais importante, permitiram que uma grande parte da população conseguisse viajar para fora da ilha conhecendo outras realidades e novas perspetivas. Esta segunda consequência ficará na história como um momento de viragem nos Açores. Nada faz mais evoluir do que viajar e conhecer novos mundos. Por Vasco Cordeiro e pelo PS/A, ainda estaríamos no tempo em que apenas as elites viajavam. Aqui a verdade já não é, e o seu contrário é que vale.


Em 2015 a verdade para o PS/A, pela voz de Victor Fraga era: "(...)não há qualquer intenção do Governo de privatizar a SATA. Aquilo que está no plano estratégico da companhia prevê o equilíbrio operacional da companhia, para depois, como todos nós sabemos, a União Europeia permitir uma intervenção ao nível de recapitalização das empresas. Sem termos a empresa estabilizada em termos operacionais, essa recapitalização não serviria para nada."

Uma verdade evidente, assumida pelo próprio governo, mas que pelo caminho da via açoriana se perdeu num qualquer beco. Porque, que se saiba, a CE não autorizou qualquer recapitalização, mas ela foi feita sistematicamente para suprir os desaires da aérea açoriana. Pagamos todos nós mesmo não sendo permitido, e ainda aplaudimos com maiorias absolutas. Hoje a verdade é outra, capitalizar a empresa com dinheiro público já se pode, a privatização fantasma também já é uma vontade, e o assunto reestruturação financeira do grupo SATA tornou-se agora o principal tabu. Era necessária mas agora, depois de centenas de milhões de prejuízos acumulados ao longo destes 5 anos, já não é.


Em 2015 o governo sabia que teria de negociar com a União Europeia uma intervenção na companhia aérea regional. Em 2020 sabe o mesmo. É uma inevitabilidade que se sabe há quase uma década. Entre uma coisa e outra, injetaram-se dezenas de milhões de dinheiro público na empresa sem que houvesse o aval de Bruxelas. A questão que fica é se o conseguirão fazer mais vezes e até às próximas eleições. A questão não é se haverá "resgate", é quando ocorrerá. Não tem problema, pagamos nós!


André Silveira



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