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  • Foto do escritorAndré Silveira

Abstencionismo de Sofá

As previsões da percentagem de abstenção na eleições europeias nos Açores são assustadoras. Eu recuso-me a aceitar que a responsabilidade seja exclusiva dos partidos e dos políticos. Partidos é algo que existe há milénios. E Portugal até tem tido uma boa dinâmica de criação de partidos novos de diferentes quadrantes políticos. Entre os antigos e os novos nenhum nos representa? No entanto, o fenómeno da abstenção mantém-se. A explicação de que a culpa é dos partidos é simplista e não explica em boa parte o facto de os Portugueses, menos de uma vez por ano, não terem motivação suficiente para levantar o rabo do sofá e irem votar. Os responsáveis somos nós. Nós temos os partidos que deixamos ter. A única maneira de melhorar o sistema político português é ir votar. O discurso derrotista e de braços caídos do "não vale a pena ir votar" é exactamente o que mantém o status quo, e interessa aos que lá estão instalados. Nos Açores então isso é gritante. Para o regime quanto menos votarem melhor, mais fácil é controlar "a coisa". Manter a dinâmica do caciquismo a todo o custo! "Só votam os que vamos buscar a casa com as carrinhas".

Se não gostamos de quem nos governa, votemos contra. Se não gostamos do que se passa no nosso partido, envolvamo-nos e levantemos a voz, seja por que via for. Nunca foi tão fácil intervir politicamente. Escrevam, pintem, fotografem, grafitem, gritem! O problema está em nós. Somos preguiçosos, deixamos que um pequeno grupo decida pela maioria. Indignamo-nos com o desgraçado do Berardo, e bem, mas deixámos, e deixamos, que sejamos governados pela mediocridade. Enquanto os seus amigos nos governaram, deixámos tudo, e agora até voltamos a votar neles. Não pedimos responsabilidades políticas. É chato ter de nos chatearmos...dá trabalho. E o discurso do "não vale a pena" é a negação da nossa condição de cidadãos, é desistir e é assumir que não conseguimos fazer melhor. Recuso-me a aceitar.


Mas o estado pode fazer muito melhor no combate à abstenção. Não lhe convém. Faz algum sentido que tenhamos conseguido por várias gerações crianças a separar o lixo e a reciclar, todos os dias 365 dias por ano, mas não os conseguimos por a votar menos de um dia por ano? Há quanto tempo não há um programa sério de educação cívica e de combate à abstenção? As escolas não têm de ter um papel determinante nisto? A geração millenium e pós millenium nem sonha como funciona o sistema político nacional, e muito menos o dos Açores. E as famílias? fazem a sua parte? Pais explicam aos filhos a importância de não deixarmos o nosso destino decidido por outros? Ou muitos deixamos que a cultura do "não vale a pena" se dissemine como uma doença infecciosa que, esta sim, destrói e nivela por baixo o nosso sistema político?


Façamos todos a nossa reflexão. Apontar o dedo aos partidos e aos políticos é muito mais fácil do que fazermos a nossa parte. Não que esses não tenham a sua responsabilidade e mereçam a censura, mas no final somos nós que não nos levantamos do sofá. E já agora, Domingo vamos todos votar.


André Silveira

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