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  • Foto do escritorAndré Silveira

“Annus Horribilis”*

2019 ficará como (mais um) annus horribilis* da via açoriana de Vasco Cordeiro e dos mais de vinte anos de governação socialista nos Açores. É muito difícil encontrar um indicador positivo na região. Um que valide a famosa “via açoriana” para o progresso e combate à pobreza, um que mostre uma ténue esperança de que os Açores abandonem a cauda do país e da Europa.

Que o atraso estrutural da região é um facto, já sabíamos, mas também seria expectável que depois de tanta política de coesão, e de uma quantidade inacreditável de dinheiro injetada na região, houvesse no mínimo sinais de inversão do percurso de divergência do restante país e da Europa.

A lista de fracassos é longa, ficam apenas alguns:

Desemprego

Apesar do riquíssimo ecossistema de programas ocupacionais fartamente alimentado por fundos da Comunidade Europeia, e apesar do forte crescimento do turismo, o desemprego continua a ser o pior do país. Os Açores são agora a região nacional com mais desemprego, sendo que o desemprego jovem atinge números praticamente obscenos. Qual a perspetiva de vida de um jovem Açoriano? Pior, que incentivo tem um jovem Açoriano recém-licenciado fora da região para regressar? Esta é mais uma das marcas da “via açoriana” de Vasco Cordeiro – Desemprego e dependência do estado por parte uma geração inteira, por sinal a geração Açoriana mais qualificada de sempre.

Ensino

Quer olhemos para os rankings nacionais de escolas, quer para o recém divulgado resultado do PISA, os resultados da “via açoriana” no ensino são no mínimo dececionantes, e o são ainda mais quando existem concelhos onde a situação é de emergência, mas onde a “via açoriana” e sua máquina de propaganda apenas finge que tudo está bem. Investiram-se milhões em escolas de luxo em detrimento de quem ensina e de quem aprende. Betão nunca ensinou ninguém, apesar de enriquecer alguns, e nos Açores não é diferente. O programa ProSucesso, apesar do nome, é mais um na longa lista de fracassos.

Transportes

No mar não se vislumbra qualquer solução para o transporte de passageiros inter-ilhas, após a novela “Atlântida”. Um verdadeiro folhetim que caricatura muito bem a atual autonomia regional. Destruíram a SATA. Entretanto, neste Natal, entre mau tempo (ou a falta de capacidade de lidar com) e uma greve que ninguém entende, a via açoriana de Vasco Cordeiro presenteou muitos com horas de ansiedade no seu regresso à terra. Correu menos mal, não fosse o esforço e estoicismo de muitos trabalhadores da companhia regional, que apesar de não serem totalmente inocentes, são os menos responsáveis pelo descalabro.

Economia

Os Açores divergem da média europeia em quase toda a linha, apesar de todos os fundos externos que têm entrado na economia das ilhas. Sabe-se agora que divergimos também no crescimento. A Europa cresceu mais do que nós no triénio de 2016-2018, o que nos coloca mais longe do objetivo de convergência. Mesmo que não houvesse outro sinal, este seria o suficiente para avaliar o sucesso da “via açoriana” de Vasco Cordeiro. É sinal também de que a Europa tem de avaliar muito bem como distribui os seus fundos de coesão. Se querem um caso de insucesso, basta virem aos Açores.

Agora, uma análise de médio longo prazo do indicador de atividade económica mostra muito bem para onde caminha a economia dos Açores. Isso, apesar do forte crescimento do turismo na Região. 2019 foi um ano muito mau para os Açores, mas com o risco de uma conjuntura pior em 2020, os próximos tempos serão muito difíceis para os Açorianos que continuam a insistir no mesmo esperando resultados diferentes. É bem verdade que se deve exigir à oposição uma alternativa clara e credível, mas também é verdade que é impossível que os Açorianos não penalizem a “via açoriana” nas urnas.


André Silveira


*Após ter escrito este artigo constatei que em 2018 o grande Osvaldo Cabral escreveu um editorial sob o mesmo título. Optei por não mudar o título dado que o que escreveu em 2018 era absolutamente verdade, e o que escrevi em 2019 só o confirma. Fica como homenagem e confirmação. As minhas desculpas pela falta de originalidade com os votos de Boas Festas e o um ano de 2020 bem melhor para todos, em especial para os Açorianos seja qual for a parte do mundo que estejam.


foto: Mário Cruz / LUSA

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