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  • Foto do escritorAndré Silveira

“Covidosalvação”

A propósito da comemoração mais surreal de sempre do 25 de Abril, merece que se diga que toda a zaragata foi um quase não assunto. Uma escaramuça ideológica que contribuiu nada, ou pouco, para o assunto à volta do qual o país se deveria estar a unir. A esta altura é evidente que com mais ou menos confinamento, ou com mais ou menos medidas de contenção, em Maio o país e os Açores terão de começar a reabrir a economia. Isso nos casos onde ainda haverá economia para tal, dado que o cenário de fecho de muitos negócios no imediato, e muitos nos tempos mais próximos, é cada vez mais uma certeza.

A Europa falhou já ao não conseguir agir com a celeridade necessária no apoio às empresas, o que nos irá trazer uma recessão, talvez sem precedentes, mas também uma recuperação a uma velocidade onde apenas os mais ágeis, e os mais capitalizados já agora, conseguirão acompanhar. Portugal, e os Açores em particular, não estão nas melhores condições para tal desafio, muito menos depois do reset económico que está a decorrer.


Nos Açores esboçaram-se algumas ajudas que foram positivas, e na verdade com implementação rápida, mas manifestamente insuficientes. Um pequeno balão de oxigénio que aguentou alguns ordenados de Abril e pouco mais. O que o Governo Regional fez, foi gastar muito pouco dinheiro complementando as medidas nacionais totalmente alavancadas no crédito, e por isso dependentes da Banca. Positivo sem dúvida, mas também uma evidência da falta de capacidade financeira dos Açores e, mais ainda, da farsa que é a nossa autonomia em muitos aspectos. Por culpa própria, entenda-se. Os Açores vivem de mão estendida e dependentes da boa vontade de terceiros. É um facto, mas um muito triste. Sem economia, e sem liderança que assuma a iniciativa privada como motor da autodeterminação da Região, o que nos resta é esta pseudo autonomia da “esmola” e de fingir que nos Açores mandam os Açorianos.

É certo, porém, que da Europa acabará por vir um robusto pacote de financiamento. Nessa altura as empresas mais débeis já estarão encerradas, e a tentação desta governação socialista será aproveitar o manancial para resolver os problemas criados pelos 24 anos de crescimento da dívida externa, bem como para fazer esquecer o estado crítico de muitas empresas públicas regionais.


Os Açorianos terão de ter memória e de ser muito vigilantes acerca do futuro, muito em especial a oposição, que terá de ter um papel de fiscalização fundamental para que, como foi no passado, não se cometa o erro de usar o financiamento, vindo com o objectivo de ajudar empresas e famílias, para operações de reestruturação de problemas públicos ou de empresas públicas. O caso da SATA é o mais evidente, mas existem outros. Não foi a paragem devido à Covid-19 que colocou a aérea regional no estado em que já estava, nem foi a pandemia que criou a dívida da Saudaçor, e, portanto, usar fundos de ajuda para salvar a face de uma herança pesada é imoral e errado. No final, veremos quanto dinheiro chegará às PME’s e às famílias, e quanto dinheiro será para manter tudo como estava antes, sem que a aposta seja verdadeiramente na economia geradora de emprego e de riqueza.



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