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  • Foto do escritorAndré Silveira

Depois Há a Reacção

Está muito em voga exigirem-se soluções a todos menos a quem governa. Parece ser a total inversão da democracia. Votamos todos, elegemos uma maioria para nos governar e depois pedimos a quem não a tem para solucionar os problemas causados, ou não resolvidos, por quem governa. Uma total esquizofrenia política, mas que até se percebe. O cenário nos Açores é negro. No governo, vai a caminho de um quarto de século, o PS/A revela todas as perversões da prolongação da sua hegemonia, e os Açorianos desesperam por algo diferente. Na oposição, depois de todo este tempo, restam uns poucos resistentes, ou pior, os que não têm alternativa. Não admira pois que se peça, por vezes implora-se e/ou exige-se com o dedo apontado, que apareçam soluções e pensamentos diferentes.

Depois há a reacção. A reacção de toda a classe política às ideias provenientes de fora do "sistema". A primeira resposta a qualquer ideia vinda da populaça é dizer que é, naturalmente, populismo. Tudo é populismo se não vier das máquinas, muitas vezes bafientas, do "sistema". É uma espécie de reacção imunitária que impede qualquer possibilidade de alteração ao bom e velho status quo. O que seria agora dos partidos se viessem pessoas de fora com ideias? Uma ameaça tremenda que têm de evitar a todo o custo. Paradoxalmente, não deixa de ser curioso ver que há uma enorme vontade de mostrar e falar em renovação. Basta vermos a constituição das listas de candidatos dos principais partidos às Legislativas 2019. Apostaram em individualidades aparentemente mais escondidas da ribalta política para dar uma ideia de novidade e de renovação. Não se enganem, é fogo de vista. Os pequenos círculos que controlam o "sistema" são os mesmo, não mudou nada.


Entretanto, enquanto uns se preocupam com o seu futuro político e outros com a própria pele, a situação económica, social e política dos Açores degrada-se. Apesar do enorme impulso resultante do forte crescimento do turismo, os indicadores são medíocres para não dizer preocupantes. A dívida pública cresce desmesuradamente lembrando a receita "socrática" que levou o País à banca rota. Só entre 2013 e 2017 a dívida bruta da Região cresceu 33,9%. E isto fora a dívida da SATA. Sim, sempre a SATA. A aérea açoriana é um comboio que vai a fundo descontrolado contra uma parede de betão armado. O betão armado é um material resistente, como são os Açorianos habituados à condição insultar, no entanto, o impacto na economia açoriana resultante da reestruturação da SATA será algo que deixará marcas nos bolsos de todos nós. Poderá ser o que fará transbordar um copo muito fundo que alimentou o "sistema" durante décadas. Não há parede que nos valha, nem parece que seja possível aguentar o impacto sem uma intervenção externa, com a resultante perda de soberania, tal e qual o que aconteceu a Portugal.


O editorial de Américo Natalino Viveiros no Correio dos Açores de hoje explica sucintamente, mas de modo muito claro, a estagnação económica da Região, deixa de fora porém a análise do risco resultante da vulnerabilidade financeira devido à crescente insustentabilidade da dívida pública. Os sinais de alerta são muitos. Basta falarmos com as empresas que desesperam para receber das empresas públicas. Isto já aconteceu no passado porém, e ironicamente Américo Natalino Viveiros teve algo a ver com o assunto. A solução para o problema na altura é exactamente a mesma que se impõe agora, apesar do estado calamitoso da oposição. Não tenho qualquer dúvida de que um alteração de cor política no governo regional dos Açores obrigaria a uma verdadeira renovação, e talvez assim novas ideias fossem apenas novas ideias.


André Silveira

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