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  • Foto do escritorAndré Silveira

E Agora SATA III (1/3)

Estamos aqui de novo. Neste século não há assunto mais importante para os Açores do que o futuro da SATA. O potencial impacto nas contas da região, a par com todo o restante terramoto económico que poderá advir de uma reestruturação da aérea regional, tornam fundamentais a análise, discussão e escrutínio público das soluções para uma questão que o anterior governo, liderado por Vasco Cordeiro, não soube, ou não quis resolver. É mais que evidente agora, que o anterior governo não teve a coragem para tomar medidas impopulares junto dos interesses que orbitam a empresa, mas também toldado pelos mais básicos interesses eleitoralistas. Já sabemos o bem que isso lhes correu: perderam a maioria e destruíram a companhia. A história, e provavelmente uma próxima comissão de inquérito, haverão de julgar os responsáveis aos olhos de quem irá pagar toda essa irresponsabilidade, os Açorianos e restantes Portugueses de várias gerações.


Dada complexidade da questão, os Açorianos têm o direito que tudo lhes seja explicado, esta série de textos é um pequeno contributo para tal.


Sem ter de entrar em grandes pormenores acerca do estado financeiro da empresa, sabe-se que a atravessa graves dificuldades para fazer face às suas responsabilidades. Foram conhecidos os casos de pagamentos de vencimentos de modo fracionado no passado, bem como a recusa de fornecimento por parte de alguns fornecedores por falta de pagamento e, mais recentemente, até processos de execução por não pagamento de leasings. A gravidade do cenário é razoavelmente fácil de se saber, basta para isso uma análise atenta às contas dos últimos anos para se perceber que tudo isto era o cenário mais provável. Aliás, foi por isso que em 2015 o GRA pagou a uma consultora de renome a elaboração de um plano estratégico para o universo temporal 2015-2020. O resultado foi um documento quase infantil cheio e otimismo, e que apenas serviu para propaganda: Um conto de fadas. Fica uma nota: os planos estratégicos fazem-se em casa. Se uma empresa necessita de contratar externos para a elaboração de um plano para a sua vida, é sinal que está condenada.


Hoje a reestruturação, com ajuda de estado (dinheiro dos contribuintes) negociada com Bruxelas, é inevitável, como já era desde pelo menos 2014. A pandemia teve zero impacto, aliás, bem possivelmente teve um efeito de proteção, dado que impediu uma exploração com resultados negativos em muito maior escala. Vasco Cordeiro optou por injetar dinheiro público através de aumentos de capital, sem mudar nada, e garantindo empréstimos que foram mantendo parte dos compromissos cumpridos e sem fazer despedimentos.

Pelo meio, várias administrações que, entre o muito mau e o sofrível, sem qualquer poder para tomar as medidas necessárias, fracassaram no geral. Os famigerados negócios de aquisição de equipamentos que resultaram em perdas de milhões de euros foram mais um a das pedras do penoso caminho para a destruição de capitais próprios. A mais recente, aparentemente competente, teve ordem para "ir trabalhando", mas medidas duras, mas necessárias, só depois das eleições. A imagem de marca da governação de Vasco Cordeiro: medidas difíceis sempre preteridas à cosmética e propaganda. O sucessivo adiar da aplicação das mais elementares medidas de gestão por razões eleitorais, mostra muito bem porque empresas no mercado livre concorrencial não podem ter gestão pública. Neste caso, nenhuma surpresa, Vasco Cordeiro já o tinha feito em relação à liberalização do espaço aéreo regional, tendo como argumento justamente a proteção dos interesses da SATA. Interesses esses, que agora certamente serão apurados. A questão é: quem beneficiou com o atrasar da reestruturação da empresa?


Cabe agora ao novo governo de direita resolver as trapalhadas da esquerda. Um lugar comum na política nacional, e agora também uma evidência no panorama regional.

(continua)

André Silveira

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