O PSD Açores reúne-se este fim-de-semana em congresso regional para consagrar o novo líder eleito. José Manuel Bolieiro conseguiu reunir o consenso necessário para que concorresse sem oposição. Na verdade, a última coisa que o principal partido da oposição necessitava a esta altura, seria uma luta interna. O partido assim o entendeu e com toda a responsabilidade optou pela pessoa que mais consenso reúne, e uniu-se. Ninguém ousou perturbar a lei natural da política interna, nem agitar demasiado as águas, afinal de contas o objetivo final, para alguns, é ganhar as Regionais 2020, e acabar com mais de 20 anos de governação socialista centrada em si e no partido, e que apresenta sinais claros de desgaste. Já ninguém consegue opor-se à ideia de que a grande maioria dos Açorianos já não querem o PS Açores no poder. Uma parte deixou de votar neles e outra, a maioria, deixou mesmo de votar. São esses últimos que o PSD Açores terá de convencer.
O desafio de José Manuel Bolieiro é conseguir construir uma equipa e um projeto que claramente mostrem ser alternativa séria e credível. E o momento primeiro desse caminho é exatamente o congresso regional, e o é a diversos níveis, começando pela formulação política sobre as principais questões regionais. O PSD Açores terá de a muito curto prazo começar a responder, com ideias claras e pragmáticas, como vai enfrentar os problemas resultantes do estado deplorável em que o PS deixa os Açores. É claro agora que a região não está a convergir com o país e com a Europa nos principais indicadores de desenvolvimento, isso apesar do rico manancial de fundos de coesão que têm sido injetados na região. Atingir uma convergência forte e sustentável no tempo, deverá ser o mais importante desígnio de qualquer programa que se oponha à atual estagnação. A presença sufocante do estado, leia-se “do partido socialista”, em todas as perspetivas do que são os Açores, claramente limitam todas as possibilidades de desenvolvimento, dada a manta de interesses que sugam qualquer virtude do mais pequeno rasgo de iniciativa privada que assente nas regras do mercado livre concorrencial. O resultado é um tecido empresarial fraquíssimo. Sem empresas não há progresso. Para se comprovar isso, basta vermos os números da coleta de IRC na região. Mau de mais para ser verdade.
É urgente convergir, mas, o PSD Açores, terá de explicar aos açorianos como o irá fazer. Mais do que isso, terá de convencer da credibilidade do seu programa e de que não se limita a ser apenas mais um conjunto bonito de fantasias. Nisso terá de se posicionar como muito diferente da habitual divagação ficcionada que é o programa eleitoral socialista. Os Açorianos querem mudar, mas querem antes disso acreditar.
Depois há a emergente guerra geracional que certamente irá dominar o mundo nos próximos tempos. A principal preocupação das novas gerações, não nos iludamos de que contra a geração dos seus pais e avós, são as alterações climáticas e a proteção da natureza. É um assunto incontornável em qualquer formulação política atual, e sobre a qual o PSD Açores também terá de falar. Nesse campo está quase tudo por fazer nos Açores. As perspetivas de economia verde e economia azul, são conceitos cada vez mais atuais, e que nos Açores poderão ser importantes vias para a convergência, dada a vantagem competitiva que a nossa região apresenta, muito em especial em relação ao mar.
Depois há tudo o resto. A economia anémica, o desemprego estagnado, a educação com resultados paupérrimos, o modelo de transporte marítimo e aéreo de pessoas e mercadoria que não serve ninguém, o desordenamento do turismo, a pobreza sistémica, A SATA e as restantes empresas públicas regionais, o deficit na saúde, a corrupção, a derrota na luta contra as adições, etc. A lista de fracassos da “via açoriana” de Vasco Cordeiro é extensa. Cabe a José Manuel Bolieiro mostrar que é possível fazer muito melhor, e cabe ao PSD Açores unir-se em torno desse objetivo último.
André Silveira
Publicado Jornal do Pico 18-01-2020
Commentaires