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  • Foto do escritorAndré Silveira

O Shuttle do Fogo



Esta semana foi lançada uma petição defendendo implementação de um sistema que controle os acessos aos miradouros da Lagoa do Fogo e o respectivo acesso à reserva natural. A proposta passa por ter um parque de estacionamento em cada um dos lados do acesso, norte e sul, e ter um autocarro que faça boa parte do transporte de turistas aos miradouros, permitindo ainda a passagem de autocarros e veículos de empresas turísticas.


No momento em que continua a moda do anti turismo e se grita por turismo sustentável (seja lá o que isso for) este assunto deveria ter um apoio generalizado, quer pela sociedade, quer pelos governantes. A restrição de acesso em conjunto com a taxação será uma das medidas necessárias para a gestão do impacto do turismo em locais ambientalmente sensíveis. É uma prática generalizada em diversos destinos por esse mundo fora com muito maior capacidade de acolher turistas do que as nossas pequenas ilhas, e por isso, teremos todos a ganhar seja por que prisma se olhe o assunto. Aliás, é já feito por cá no Ilhéu da Vila e no acesso às caldeiras da Lagoa das Furnas.


Seja qual for o sistema por que se opte, as vantagens são óbvias. Passa-se a poder controlar o número de pessoas que acedem à reserva natural e miradouros, mas também cria-se uma fonte de financiamento do parque natural de ilha de São Miguel (quo vadis?), e/ou dos próprios municípios, ou até mesmo de ONG's. O instituir o conceito de utilizador pagador é também um instrumento de maximizar o valor retido por cada turista que nos visita, algo que deveria ser alvo de uma estratégia formal por parte das entidades competentes. O rendimento vindo do turismo tem de ser maximizado e para isso terá de haver um conjunto de estratégias públicas integradas com os privados. Isso se for assumida pelo governo a opção de desenvolver o sector como um dos pilares fundamentais do modelo de desenvolvimento da Região nas próximas décadas. Na verdade, duvido muito que seja. Erradamente!


A taxação como forma de financiamento de reservas naturais é algo amplamente difundido por todo o mundo. É assim em África nos grandes parques naturais. É assim em diversas áreas marinhas protegidas no Egipto, Maldivas, México, etc. É um modelo com provas dadas e que pode ser usado nos Açores. No entanto, no que diz respeito à gestão dos Parques Naturais de Ilha, muito em especial em relação ao de São Miguel, terá de se fazer muito mais, principalmente no que diz respeito ao mar, onde a legislação nunca saiu do papel. Por exemplo, estão legisladas cinco Áreas Protegidas de Gestão de Recursos no mar que estão por implementar há mais de 10 anos (?).

Podemos discutir os pormenores, bem como quais os modelos adequados a cada local e à nossa realidade, no entanto, a restrição de acessos será uma necessidade mais do que uma opção, e teremos todos de aceitar que isso também possa causar alguns constrangimentos a nós residentes. Até porque a balbúrdia do vale tudo, especialmente no acesso à reserva natural da Lagoa do Fogo, tem de acabar. Temos todos de perceber que uma reserva existe exactamente para que possa ser protegida, e para que se possa impedir a acção humana nesses locais. É caricato o que e passa actualmente com não haver qualquer regra e a fiscalização ser totalmente inexistente.


André Silveira

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