top of page
Buscar
  • Foto do escritorDaniel.Pavao

Rever a matéria

O Partido Socialista tem andado entretido a rever jornais de 1996. 24 Anos depois, o PS está a comparar as suas políticas com as políticas do PSD até 1996. Para além de patético, acredito que hajam muitos que possam ir nessa cantiga, os chamados idiotas úteis. E usando o termo não estou a chamar idiota a ninguém. Até porque, normalmente, estes “idiotas úteis” costumam ser pessoas com algum nível intelectual. Apenas se prestam a um serviço temporário com a finalidade de obter dividendos num futuro próximo. O último a prestar-se a este serviço foi José Contente. O socialista derrotado por José Manuel Bolieiro em 2013, foi ao arquivo relembrar notícias de 1996 e estampou-as na sua crónica no Açoriano Oriental. É sempre bom relembrar a história. Contudo, se não aprendermos nada com ela, a tendência será repetir os mesmos erros e, pelo que percebi, José Contente – e Francisco Coelho – conhecem a história (a que lhes convém) mas não aprenderam nada com ela. Pior, ainda não perceberam que este PS de 2020 é bem pior do que aquele PSD que combateram em 1996.


Bolsas narrativas Há muito tempo que o Partido Socialista se deixou levar pela semântica e pelas narrativas alternativas como o alfa e o ómega da governação. Os subsídios foram trocados por incentivos, as privatizações de serviços públicos - levadas a cabo para esconder falências e casos judiciais - foram substituídas, pasme-se, pelas oportunidades de negócio geradas pelo sucesso da economia açoriana e a pobreza, identificada e generalizada nos Açores, deu lugar aos focos de pobreza. Os termos em si pouco importam. O que é de realçar é que os mesmos problemas de sempre mantêm-se ou acentuam-se com nomes diferentes. O “jogo das cadeiras” no poder político vive em negação constante e, no entanto, a narrativa nunca foi tão fértil. O termo “focos de pobreza”, patenteado pelo Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares há um ano atrás, é idêntico ao das “bolsas de miséria” revisitadas por José Contente. É apenas mais um exemplo do estado de negação ao qual somos permanentemente sujeitos. A propaganda e a demagogia tomaram conta do partido que suporta o governo e o seu rebanho continua a cumprir o seu propósito na praça pública: Fazer eco da narrativa produzida.

Comparem por si! Em 1996 o Partido Socialista elegeu 24 deputados com 51 880 votos (45,8%) e em 2016 elegeu 30 com 43 266 (46,4%). Se a percentagem de votos é similar, o número de votantes e deputados eleitos é significativamente diferente. Tem sido mais do que suficiente deixar a maioria dos que votam - que efetivamente votam - felizes e contentes com a redistribuição socialista - com os recursos retirados a todos – e contar com aqueles que não votam. Por mais teorias que os abstencionistas possam ter sobre cadeiras vazias no parlamento ou “sinais que devam ser lidos” pelos políticos no geral, a realidade é que não são tidos nem achados nas lógicas eleitorais. Simplesmente não contam e, nessas condições, um balde de tinta, um lugarzinho na administração pública ou um adiantamento do RSI valem muito mais do que os protestos contra o sistema sem ir às urnas. Não votas, não contas. Matemática simples. Uma matemática que o PSD e os Açorianos devem começar a ter em conta.

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page