top of page

Vamos ficar (quase) bem

  • Foto do escritor: André Silveira
    André Silveira
  • 21 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Como sempre, no início houve muita desvalorização. A humanidade tem memória curta, mas há duas gerações que não se via afrontada com um desafio tão global e tão potencialmente destruidor. Pode-se desculpar por isso, mas foi caricato ver os do “isto é só uma gripe”, no dia seguinte, passarem a ser os do “fechem os aeroportos”. A esta altura acho que a esmagadora maioria já entendeu a gravidade da situação. Se ainda não, basta lerem o artigo, ou o artigo.


Também tem sido um tratado de humor negro agridoce ver os “anti turismo” agora tristes com o colapso da indústria. Tempos de exceção são excecionais para quem atenta ao fascinante mundo da sociedade dos humanos, passe a redundância.

Vamos passar dias difíceis. Por cá estamos já a sofrer por antecipação dado que nos Açores, na verdade, ainda está tudo muito controlado, aparentemente e felizmente. Estão a morrer seres humanos, e isto sobrepõe-se a tudo. As mortes diretas, e as indiretas devido à sobrecarga dos sistemas de saúde, e ainda as que irão ocorrer devido à crise financeira, ficarão como a marca mais triste desta pandemia, longe porém, de outras no passado como a Gripe Espanhola de 1918, que se estima ter morto mais de 100 milhões, e contaminado mais de 500 milhões.


O desemprego irá disparar e com isso também a pobreza. Os Açores como economia periférica e frágil estão especialmente em risco. Nunca o turismo será tanto a boia de salvação económica. Os nossos olhos, em especial os dos nossos governantes, têm de ser postos no pós Covid-19. Vem aí um admirável novo mundo e os que se preparem para ele mais cedo, serão os que conseguirão recuperar mais depressa.


O depois do Covid-19, no médio longo prazo, é um futuro entusiasmante. A humanidade é uma vencedora e sempre que um cataclismo, guerra ou epidemia afrontou o nosso modo de vida, fomos capazes de ultrapassar esses desafios. Na história recente, os grandes acontecimentos como estes, foram o impulso de grande evolução e progresso. Não vai ser diferente neste caso.

Alguns exemplos:

O dinheiro físico será cada vez algo mais raro. O impulso que já está a haver ao uso de meios de pagamento eletrónico sem contacto físico, e todas as vantagens que isso trás, irão pressionar o abandono das velhas moedas e notas.

O atendimento ao público passará, ainda mais, a ser feito à distância. Bancos, lojas de telecomunicações, muitos serviços públicos, entre outros, passarão a ser feitos remotamente. Este movimento já era uma tendência, agora será reforçada. Preparem-se para um mundo onde os Bancos não têm balcões, ou onde tudo, ou quase tudo, será feito online ou via call centers.

Muitos negócios tradicionais de pequena dimensão vão adotar o comércio online mesmo a nível local. Vão complementar a sua oferta com serviços distribuídos por via eletrónica. O exemplo dos ginásios está já a fundar uma tendência de fornecimento de serviço à distância, um verdadeiro avanço sem precedentes no passado recente para uma indústria em forte crescimento.

O teletrabalho tornar-se-á muito mais comum e, em alguns casos, cada vez mais a única maneira de trabalho. O impacto que isto trará será tremendo. Empresas que agora gastam parte substancial do seu orçamento em instalações de escritórios terão disponível um novo paradigma e uma competitividade nova.

Se adicionarmos a tudo isso o forte impulso em desenvolvimento de novas tecnologias, processos e inovação no geral, podemos contar com um futuro melhor e cheio de oportunidades. Mas temos de lá chegar.


Agora importa conter a pandemia, e a única medida eficaz é a redução do contacto social. Cabe-nos agora fazer a nossa parte. Não depende do governo, nem de terceiros, depende de cada um de nós. Fiquemos em casa, protejamos os mais velhos. Vamos ficar bem.

André Silveira


Foto: Paolo Miranda @https://www.nbcnews.com/

 
 
 

Comentarios


bottom of page